Hoje vens ver restos de mim no chão
Se havia coisa que Elisa temia, era ser atingida por algum novo sentimento que a deixasse tão presa nele ao ponto de depois não se conseguir controlar. Geralmente acabava confusa e lenta, obrigando-a a fugir e a esconder-se no seu canto escuro.
O motivo que a levava a ser assim tinha muito que ver com o seu passado. Outrora, Elisa fora tão dada a emoções fortes e a relações intensas, que agora sentia-se sem energia. Acreditara que um dia ela pudesse voltar, mas apercebeu-se que ela própria andara a evitar o seu regresso. Ao entregar-se demasiado, tinha-se perdido a si própria.
(…)
Ao olhar para ela, apercebeu-se de como era bonita. Não era propriamente uma beleza espampanante, nem nada que se parecesse. Quando amamos alguém, não é só a forma como vemos o mundo que muda, é também a maneira como olhamos para essa mesma pessoa que se transforma. Elisa sabia que o amor que aumentava a cada dia estava a modificar a realidade e a torná-la mais perfeita. Mas também não via mal nenhum nisso.
Antes preocupava-se em ouvir o que ela tinha para dizer; agora isso já não lhe era tão importante e, lentamente, deixava-se entrar num estado melancólico e pensativo, levando-a a observá-la mais atentamente, a querê-la ver por fora e por dentro.
À medida que falava para uma outra aluna, Elisa fitava-lhe os dedos que pressionavam a caneta de cor azul, com marcas de idade e com alguns anéis a brilhar consoante lhes dava a luz. Depois o olhar subiu até ao seu rosto, não sem antes passar pelos brincos de pérola que trazia nas orelhas. Elisa instintivamente tocou nos seus próprios brincos de pérola.
Era fácil olharmos nos olhos de alguém que nos ensinava qualquer coisa, principalmente se fosse um professor que estivesse a falar para uma turma inteira. Era fácil e demonstrava interesse. Mas tudo se complicava quando essa pessoa simbolizava alguma coisa, e estava só e apenas a olhar para nós. Principalmente para Elisa, que deixara de ter a capacidade de olhar dessa forma, fosse para quem fosse.
No seu estado meditativo, estudou-lhe as feições que denunciavam irregularidades em diversos pontos. Nunca tinha olheiras, o que era estranho para alguém que dormia tão pouco. Quando de repente ela olhou para Elisa, não conseguiu conter o impulso de baixar o seu próprio olhar. Estava demasiadamente imersa nos seus pensamentos e fora interrompida. O susto fê-la regressar à Terra, obrigando-a a pousar os pés no chão.
O motivo que a levava a ser assim tinha muito que ver com o seu passado. Outrora, Elisa fora tão dada a emoções fortes e a relações intensas, que agora sentia-se sem energia. Acreditara que um dia ela pudesse voltar, mas apercebeu-se que ela própria andara a evitar o seu regresso. Ao entregar-se demasiado, tinha-se perdido a si própria.
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Ao olhar para ela, apercebeu-se de como era bonita. Não era propriamente uma beleza espampanante, nem nada que se parecesse. Quando amamos alguém, não é só a forma como vemos o mundo que muda, é também a maneira como olhamos para essa mesma pessoa que se transforma. Elisa sabia que o amor que aumentava a cada dia estava a modificar a realidade e a torná-la mais perfeita. Mas também não via mal nenhum nisso.
Antes preocupava-se em ouvir o que ela tinha para dizer; agora isso já não lhe era tão importante e, lentamente, deixava-se entrar num estado melancólico e pensativo, levando-a a observá-la mais atentamente, a querê-la ver por fora e por dentro.
À medida que falava para uma outra aluna, Elisa fitava-lhe os dedos que pressionavam a caneta de cor azul, com marcas de idade e com alguns anéis a brilhar consoante lhes dava a luz. Depois o olhar subiu até ao seu rosto, não sem antes passar pelos brincos de pérola que trazia nas orelhas. Elisa instintivamente tocou nos seus próprios brincos de pérola.
Era fácil olharmos nos olhos de alguém que nos ensinava qualquer coisa, principalmente se fosse um professor que estivesse a falar para uma turma inteira. Era fácil e demonstrava interesse. Mas tudo se complicava quando essa pessoa simbolizava alguma coisa, e estava só e apenas a olhar para nós. Principalmente para Elisa, que deixara de ter a capacidade de olhar dessa forma, fosse para quem fosse.
No seu estado meditativo, estudou-lhe as feições que denunciavam irregularidades em diversos pontos. Nunca tinha olheiras, o que era estranho para alguém que dormia tão pouco. Quando de repente ela olhou para Elisa, não conseguiu conter o impulso de baixar o seu próprio olhar. Estava demasiadamente imersa nos seus pensamentos e fora interrompida. O susto fê-la regressar à Terra, obrigando-a a pousar os pés no chão.
- Elisa, percebeste?
Elisa acenou, apesar de não ter estado a ouvir nada do que ela tinha estado a explicar.
Seria alguma doença grave?, interrogava-se. Teria alguma espécie de mutação esquisita que a fazia amar pessoas que não se encaixavam com o padrão social comum? E porque raio não era capaz de fazer entender os outros de que o seu amor era tão puro como o de amar uma mãe?
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