One face among the many, I never thought you cared.

[.] Maria Isabel


Vivia ela, no seu ninho dourado. Seguia as últimas modas, dava os últimos gritos, aparecia em tudo quanto era festas. Nunca usava o cabelo amarrado. Pintava as unhas de cor-de-rosa. Isabel, a Desejada, a Acarinhada, a Perfeita. Na verdade chamava-se Maria Isabel, mas ninguém, excepto o bisavô carrancudo, a tratava assim.

O seu quarto parecia um conto de fadas, em tons rosa e branco. Olhos azuis, quebradiços, cabelo escuro, escorrido, fútil. Mesquinha. Tinha um diário onde fazia a sua lista de « acontecimentos importantes ». Belinha era a estrela de tudo e de todos. Passeava-se com meias verdes de corações roxos no tornozelo. Exibia-se nas suas mini saias.

Casou cedo, abandonou com pouca tristeza o rapaz que a amava e voltou-se para um Senhor Doutor, dez anos mais velho que ela. Azar o seu, bela princesa um belo dia viu o marido enforcado nas traseiras. Intimidado pela crueldade das dívidas, Senhor-Perfeição suicidou-se.

Maria Isabel hoje tem os dedos tão tortos que nem consegue marcar os números no seu telefone forrado a prata…

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